sábado, 19 de março de 2011


"Há de querer ser leve, assoprada, bailarina. Dente-de-leão dançando no vento, voando sem pressa e sem saber aonde vai — e aonde quer — chegar. Frágil menina forte, que disfarça a fragilidade e os medos infantis nos risos de mulher suficiente, competente e dependente, escondendo por detrás dos passos firmes a carência, as paixões e as necessidades, que vão além de um copo d’água e de comida freqüente. Tem-se sede de amor, de carinho tempo inteiro, de toque e mais toque e um pouco mais de toque, só para não faltar. Necessário ser presente, fazer-se presente e doar-se presente, desejá-la com leveza e segurá-la como se pudesse quebrar. E pode. É moça de porcelana, de vidro por vezes, tamanha capacidade que tem de deixar transparecer, por mais que sempre e sempre e todavida tente disfarçar. Leitura fácil e singela, basta penetrar o olhar e fazer coceiras na alma. Tudo se revela num desviar de olhar, que enrubesce e que cala falando mais do que poderia — e deveria — contar. E se permite, e deixa ser levada e envolta e segura, e desfalece em braços que sabem o que querem, em corpos que dizem mais do que a boca, em beijos que revelam segredos e em danças sem músicas, ritmadas alternadas, num desfecho digno de star. E chove purpurina e o céu se torna particular e dela, todo dela, pronto para lhe levar e assoprar e permitir que seja, que voe, que chova. Que vá parar nalgum lugar. E vai, fugindo, sentindo, amando, sendo toda-toda e pedindo pra ficar..."


Maria Fernanda Probst


http://bonequinhadeseda.blogspot.com/

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